Há muito tempo que não pescava um
robalo. Há muito mais tempo do que gostava. Não por falta de insistência, longe
disso, mas não é quando queremos… é quando eles lá andam e se deixam enganar.
No dia anterior, tinha tido 3 peixes presos na amostra e soltaram-se os 3; um
deles era um grande exemplar, mas sabe quem me conhece que perder mesmo os mais
pequenos me deixa pior que estragado. Contudo, esse é para mim o grande atractivo da pesca: não é
por não ter pescado nada ontem, anteontem, no último mês (como era o meu caso)
que não se apanhará nada amanhã! O inverso também está certo: a grande pesca de
hoje não me garante voltar a pescar no futuro! Cada jornada junto ao mar, para
além de todo o prazer e paz que me proporciona,
é mais um passo numa aprendizagem
constante. Mais do que o aperfeiçoamento de técnicas, o refinar do conhecimento
acerca da interpretação do mar com todas as suas condicionantes, tenho aprendido a ser paciente... a esperar... e a
insistir.
Hoje foi dos dias que faz toda a
espera valer a pena. Foi uma longa espera, cerca de 7 meses desde o último
tarolo (o meu maior de sempre), com apenas uns 10 peixes e muitas grades
acumuladas! Rara foi a semana que não fui pescar, mas o tal peixe teimava em
não comparecer à chamada… até hoje.
O meu Amigo Urubu tem andado a
dar neles nas últimas semanas e a tentação de embarcar na toada era grande. Na
última semana acompanhei-o uma vez e, como é costume, nem eu nem ele sentimos escama…
Nunca apanhei um peixe das vezes que “fui ao cheiro”! Por isso, costumo
dizer-lhe que mais vale eu não ir e ele continuar a malhar-lhes certinho. Fico
feliz por ele. Resolvi ir com o meu Compadre Cuco a outras bandas tentar a
nossa sorte e à última da hora até tentei mudar de spot, mas o Cuco insistiu na
nossa primeira opção, ainda bem.
Chegados ao local, perguntei ao
Cuco por uma Tide Minnow que lhe tinha dado num aniversário e porque é que
nunca a usava. Ele respondeu que nunca tinha tirado um peixe com ela e eu que
tinha fé que ia ser hoje. Foi por isso a primeira opção a ir para a água e a
dar a primeira alegria do dia – um robalo com a medida, mas que o Sérgio acabou
por libertar.
Ao chegar ao virar da maré, com o
mar bonito mas com força, resolvi ir ao fundo do baú das amostras e apostar
numa das que uso menos (tal como a TM do Cuco) – uma Lucky Craft com uns 3 anos
e que até à data tinha engatado um miki…
Foi, uma vez mais, uma mal amada a dar alegria! E que alegria! Depois de
uma pancada a sério e uma primeira corrida musculada que me fez logo avisar o
Cuco que se tratava de um bom bicho, vejo a caudona a vir bater à superfície e
a fazer o meu coração disparar! Com muito cuidado para não voltar a perder um
peixe, ainda por cima daquele calibre, e com a ajuda preciosa do Sérgio, lá lho
meti na mão. Fiz logo uma grande festarola pois sinceramente não contava
apanhar um tarolo daqueles com o sol ao alto às 16:30h! Enquanto guardava o
peixe, já o Cuco tinha outro na linha, mais pequeno mas lutador, que depois de
cobrado seria também libertado.
Depois de tanta grade, o dia
estava mais que ganho e começamos a fazer o caminho de regresso até ao carro,
com apenas uma paragem num spot já meio seco. Mudei a tática para a superfície,
que muitos frutos tem dado ultimamente, mas onde ainda não me estreara este ano
com robalos. Com o único passeante que levava na sacola, um Patchinko azul que
no dia anterior tinha tido um tarolo preso por segundos, senti o segundo
disparar do coração mal vi o reboliço à superfície do ataque! Lindo! Desta
feita lindo e eficaz, com as duas fateixas dentro da boca e bem cravado! Aliás,
como já tinha vindo o primeiro, com a LC engolida completamente! Assim seria
difícil perdê-lo.
Como disse no início deste
relato, a boa pesca de hoje não garante a de amanhã e não foi preciso esperar
um dia para comprova-lo: instantes depois voltei a ferrar um miki à superfície,
que após duas ou três maniveladas e um salto artístico no ar se pôs ao fresco…
A pesca é assim… e é esta
incerteza que a torna apaixonante!
Estou ansioso pelo próximo dia de
pesca! Será mais uma grade? Ou haverá mais adrenalina com escamas? Será
certamente mais um dia de relax e a fazer uma das coisas que mais prazer me dá
e com a fé renovada, preparado para mais uns meses de grades… ou talvez não!