A chuva deu-nos, finalmente, algum descanso!
Mais de dois
meses decorridos neste ano de 2014 e só no último sábado é que se reuniram as
condições para uma gloriosa jornada de pesca. Gloriosa, porque o sol estava
quentinho, o céu azul e o mar até estava de feição. Ficou combinado que o Pedro
e o Sérgio iam matar o “bicho” do spining, fazendo
o fim da vazante num dos seus pesqueiros preferidos. Tentaram de tudo – ferros, vinis e amostras – mas
quanto a robalos, nada. Foram mais de duas horas a puxar pelo físico, sem
resultados práticos. Estes surgiriam mais tarde, pode ser que haja relato...
A hora do almoço já tinha passado e os dois enganaram a fome
com umas sandes e fruta variada, que comeram já na minha companhia, enquanto os
transportava para Amarante, ao encontro do rio Ovelha. Uma semana antes, dia da
abertura da pesca à truta, tinha caído um autêntico dilúvio e o rio quase
transbordava as suas margens. Tinha presenciado a situação, porque me deslocara
a Aboadela para adquirir as licenças. Pude, então, falar com alguns pescadores
que durante a manhã tinham sacado algumas trutas... Íamos, assim, animados e
esperançados numa boa pescaria.
O dia estava radioso, sem vento, e o rio corria no seu leito
normal, ainda que com uma corrente mais forte do que o habitual. Tínhamos menos
de três horas para mostrarmos os nossos dotes...
Começámos a subir o rio, em
alguns troços, dentro de água, fazendo lançamentos com as amostras, tentando
explorar os melhores locais. A esperança inicial foi-se desvanecendo com o
correr dos minutos e ausência de ataques. A determinada altura tentei contrapor
à tese do Zé Pedro, segundo a qual não havia trutas, que elas estavam ainda
“entocadas”, porque o Inverno tinha sido rigoroso e com muita água, pelo que
não tinham sentido falta de comida. Palavras ditas, começou o gozo... Tanto o
Sérgio, como o Pedro não se cansaram de falar da beleza do rio, da limpidez da
água e das inúmeras “tocas” por que íamos passando...
Quando faltava ainda uma
hora para o por do sol, o Zé Pedro desistiu e voltou para trás para ir buscar o
carro, enquanto eu e o Sérgio continuamos a subir o rio. Marcámos encontro
junto à ponte romana.
Fomos os primeiros a chegar e continuamos a pescar para
montante da ponte. Alguns metros à frente, o Sérgio disse que não avançava
mais. Avisei-o que ia tentar um pouco acima e dois lançamentos depois, pumba,
o primeiro ataque e uma truta ferrada, bem à medida regulamentar. Tinha safado
a grade! Afinal, havia pelo menos uma toca com trutas...
Continuo a acreditar que nestes primeiros dias de Março,
depois de um Inverno com muita chuva, e com as águas ainda bastante frias, as
trutas resguardam-se nos buracos das margens. Por isso, espero voltar ao rio
Ovelha lá mais para diante, na companhia do Sérgio e do Pedro, para comprovar a
minha tese de que onde há tocas, às vezes também há trutas...