Quem gosta de pescar sabe que há dias assim. O meu filho Pedro estava com "fezada"- tínhamos de ir para Aveiro pescar às douradas. Não aderi à ideia com muito entusiasmo. Apesar desta semana ter sido dificil, física e emocionalmente, devido a um problema de saúde grave de um familiar muito próximo, a ideia de fazer uma viagem ainda longa, para pescar apenas duas horas, não me estava atrair por aí além. Mas o entusiasmo do Pedro não me deu margem para recusas. Encontramo-nos de manhã, cerca das 10,30 numa oficina, onde ele foi deixar o carro para mudar os calços dos travões. Viemos para minha casa e preparámos as canas de fundo e de bóia. Depois do almoço, o Pedro insistiu em ir comprar iscos vivos – conseguimos encontrar casulo e caranguejo da muda; do meu congelador tinha retirado uma embalagem de navalha bem fornecida. Por volta das 15,30 fomos buscar o carro e só então partimos para Aveiro. Com tudo isto, começámos a pescar já depois das 17,30. Tanto o Pedro como eu optámos pelo caranguejo como primeiro isco. Alguns toques, sem concretização. Ainda experimentámos o casulo, com os mesmos resultados. Depois a foi a vez de tentar com a navalha, que ainda estava praticamente congelada... Amarrei-a bem e fi-la subir pela linha, formando um belo e apetitoso isco. Foi dito e feito – uns toques curtos, mas firmes, e a primeira dourada fisgada. Carreto bem fechado, para ela não fugir para as pedras, e a cana a trabalhar o peixe; alvoroço em mim e no Pedro, porque na linha apareceu primeiro... um saco de plástico! Um pouco atrás, no entanto, lá apareceu uma bela dourada, a maior do dia, com quase dois quilos...
Como a idade não perdoa, ia estragando tudo; a distância à água era superior a três metros e como calculei mal fiquei com o peixe a peso, a prumo, sem possibilidade de o levantar com um único movimento; a solução foi o Pedro puxar pela linha (o que nunca se deve fazer...), mas que acabou por resultar. Com uma bela dourada no pecúlio, insisti na navalha e sempre com bons toques, enquanto o Pedro ainda continuou com o caranguejo durante uns lançamentos. Mas teve de se render à evidência – o meu “feeling” tinha sido certeiro e as douradas hoje estavam viradas para as navalhas. Quando mudou para este isco, ainda conseguiu safar a grade com uma dourada bem bonita e, mais tarde, ainda tirou um sargo, mas neste caso aproveitou-se da qualidade das minhas iscadas e dos meus lançamentos, já que tirou o sargo com uma das minhas canas, numa altura em que eu tinha ido à casa de banho improvisada...
Resultado final – 4-1! Goleada para o “cotinha”, que uma vez mais provou que com iscos orgânicos não dá hipóteses aos competidores!!! Isso de pescar com “plásticos” ou "ferros" é uma forma de enganar os pobres peixinhos, sem os alimentar...
Para terminar uma jornada de pesca curtinha(cerca de duas horas e meia) fomos atraídos, quando nos dirigíamos para o carro, por um cheirinho a peixe grelhado. Atracção fatal, não o filme, mas o aroma, lá nos levou ao restaurante para degustarmos uns belos chocos grelhados, com batata cozida e um molho verde divinal... Um belo fim de festa!
E depois deste dia, é justo que se diga que apesar de já coroado “Rei dos Meros”, agora também tenho direito a uma Medalha... Dourada!!!