Na manhã de Sábado tínhamos de prolongar o aluguer do Opel Corsa mais um dia. Assim fizemos. Depois do habitual pequeno-almoço no Hotel, percorremos os escassos metros que nos separavam do centro da Horta, até ao Rent-a-Car. Meio de transporte assegurado até ao regresso ao Porto, aproveitamos a proximidade e fomos passear pela Marina da Horta. Diz a tradição que os marinheiros dos quatro cantos do mundo que lá atracam devem deixar uma pintura no cais que lhes dará sorte em viagens futuras. Por isso, aquela Marina é muito mais que um porto de abrigo; trata-se também de um museu a céu aberto.
Em seguida, resolvemos fazer uso do carro e rumar à Caldeira. Estradas sinuosas e com declive acentuado, mas com um excelente piso, levaram-nos ao nosso destino. As vistas lá do cimo sobre a própria Ilha e sobre o Pico eram deliciosas e a Caldeira grandiosa! Regressamos rapidamente ao carro pois os 12ºC e o muito vento a isso convidavam.
A caminho do Hotel ainda fizemos uma pausa no Miradouro da Nossa Senhora da Conceição e no
obrigatório Peter’s Cafe Sport.
Almoçamos e rumamos ao Porto Comprido, onde eu já tinha pescado uma Anchova no primeiro dia e o meu pai várias bogas e carapaus. Quando lá chegamos o spot parecia outro. O muito vento tinha feito o mar crescer e ambos inviabilizavam qualquer tipo de pesca, apesar de ainda temos mandado os nossos ferros (“gaias”) à água.
Demovidos do local pela intempérie, decidimos voltar a tentar a nossa sorte do lado Norte da Ilha, mais concretamente no Porto Salão. Nova ginástica à chegada para descer até ao spot. Valeu bem o esforço já que o vento não se sentia e o mar estava calmo. O meu pai dessa vez ainda pescou um tempo considerável com zagaia, mas voltou a desistir quando perdeu a primeira. Já cansado, desmontou o material, mesmo com o meu incentivo para continuar a lançar. Sentou-se perto do local onde eu me encontrava e ficou a fazer-me companhia e a ver-me pescar. Eu continuava a zero também. Já tinha experimentado quase os jerkbaits todos e tinha avistado apenas uma pequena bicuda (barracuda) a perseguir uma saltiga até aos meus pés sem a atacar. Foi então que o meu pai, após abrir e observar uma das minhas caixas de amostras, pegou num Hidro Pencil da Yo Zuri e disse: “Experimenta com esta! Vais ver que dá sorte!”. Respondi-lhe que não tinha fé nenhuma naquele spot profundo com amostras de superfície, mas como ele insistiu, acedi ao pedido.Faço o primeiro lançamento bem largo, começo a recolher e o meu pai comenta o “walk the dog”: “Essa amostra é que trabalha bem!”. Estava de facto com um nadar muito atractivo e tardaram apenas alguns segundos para avistar o ataque mais espetacular que alguma vez tinha tido à superfície! Um vulto enorme desloca-se na água em direcção à amostra e ataca-a poucos milímetros ao lado, falhando a ferragem! Paro por instantes, mais 3 ou 4 zigue-zagues, volto a ver o trilho na água, mas desta vez não ataca… Recolho os metros que ainda faltavam e faço de imediato novo lançamento mais fora do que o local onde se tinha dado o ataque anterior. Inicio uma recolha lenta mas chamativa e ao aproximar-me do hotspot comento: “foi mais ou menos por aqui que no lançamento anterior comeu…”. Quase em simultâneo, novo ataque, franco e vistoso! É indescritível ver o peixe a sair fora de água e a fazer desaparecer a minha amostra nas profundezas daquelas águas azuis! O meu pai, tal como eu, teve o prazer de ver aquele espetáculo e exclamou: “Já está!”. O meu drag confirmou-o de imediato. Se a Anchova tinha dado prazer, esta Bicuda enorme levava linha com uma força e velocidade orgásmicas! Repeti vezes sem conta que ia ficar sem linha no carreto e cheguei por 2 ou 3 vezes a ver a bobine vazia através dos poucos metros de multifilamento que sobravam. Felizmente, disfrutei aquela luta ao máximo e ao fim de alguns minutos vejo aquele peixe enorme a chegar à superfície. Os olhos e a boca cravejada de dentes afiados metiam respeito. Com todo o cuidado e sem que em momento algum a Bicuda tivesse conseguido levar a linha de encontro às rochas, consegui pousa-la já quase inanimada numa rocha a seco. Como me encontrava alguns metros acima, pedi ao meu pai que me ajudasse, mas ele tinha receio de se deslocar até ali. Entretanto, numa escoa de água, aquele peixão é levado de novo para dentro de água, onde já flutuava. Aproveito a boleia para mais perto de onde estava o meu Cotinha e coloco-a novamente a seco, já mais perto dele. Dou-lhe a cana para a mão com a linha tensa e tento descer as rochas, mas o Cotinha com a cana numa mão e a máquina de filmar na outra, deixou o peixe cair lentamente na água através de uma frincha de rocha vulcânica. Fiquei pior que estragado, depois de todo aquele trabalho! Volto a pegar na cana e sinto que o peixe ainda lá está. Consigo soltar a linha das pedras e ao ver aquele belo exemplar decido que já está filmado e a recordação bem gravada que não vale a pena correr riscos para o ter na mão. Se a cana fosse a minha (partida antes de viajar) teria tentado logo levantar o peixe em peso de início. Não o fiz logo, não o faria depois. Pouso a cana com cuidado e tento levantar o peixe em peso com a mão. Nem a cabeça chegou a sair por completo da água. A linha coçada na queda pela frincha cedeu de imediato e observei a Bicuda uns segundos deitada de lado na água, com o Hidro Pencil na boca, como que a despedir-se de mim. Aos poucos foi ganhando vida e de repente arrancou rumo ao profundo azul. Senti um misto de felicidade e tristeza. Se por um lado tinha sido uma luta inesquecível, a melhor que tive até hoje e o peixe teria sempre aquele destino, por outro fiquei triste por não o ter sentido na palma das minhas mãos, por não o ter fotografado e por não lhe ter removido a amostra da boca. Foi um caso bicudo!
Ainda fiz mais uns quantos lançamentos com outros passeantes, sem êxito. Apesar do desfecho não ser o ambicionado, foi a maior emoção que vivi até hoje a pescar ao spinning! Foi uma excelente despedida da pesca nos Açores!
Resta-me agradecer ao meu Pai a companhia, a paciência (que bem necessária foi no dia recém relatado), mas acima de tudo a partilha e a cumplicidade! Foi ele que desde tenra idade me incutiu o gosto pela pesca e é desde sempre o meu melhor Amigo!
Parabéns aos Cruz !
ResponderEliminarRealmente, quer um quer o outro, souberam demonstrar o que sentiram de tal maneira que fizeram com que quem lê-se presenciasse esses mesmos momentos !
Para complementar isto tudo, tive o prazer de ouvir os relatos de todos os dias em primeira pessoa pelo Pedro, o que foi ainda mais FANTÁSTICO.A maneira como ele descrevia, as palavras escolhidas, demonstraram o que eu já sabia, um AMOR pelo mar e por este hobbie que é a PESCA.
PARABÉNS AOS DOIS !
ABRAÇÃO
Rei João
Fantástico...não há dúvida que são os dois "enormes " pescadores...deu bem para ver o "bicho"...linda!!!!Realmente não havia mais nada a fazer...ficou bem registado...faltaram foi ouvir os piiiii´ssss
ResponderEliminarAdorei os vídeos :) muito fixe!
ResponderEliminarMuitos parabéns aos dois pelas magníficas férias.
Abraço
Pedro Neves
Boas Pedro,
ResponderEliminarsó uma pergunta, a cana veio para Portugal ?...
Ou ficou nos Açores...
Abr, Matos ;)
Boas Master! Não percebi a tua pergunta...
ResponderEliminarAs canas que levei trouxe-as todas de volta. Não percebi o porquê da tua dúvida...
Transportei as canas num tubo próprio de transporte sem qualquer problema.
Abração!
Belas fotos essas e a bicuda parecia um "CROK",grande bocarra....gostei do "AI MEUS DEUS" LOLOLOL.
ResponderEliminarEstá descansado que para o ano vais capturar a mesma e vai ser a vingança amigo.
Parabéns por essas belas pescarias e obrigado pelos teus relatos que ainda adoçaram mais a vontade de ir até aos Açores.
Abração
Urubas
Parabéns Zé Pedro, deve ter sido uma luta e pêras, grande bicuda, pena que não deu para tirar a foto da praxe, mas para nós pescadores lúdicos o que realmente conta são as luta e as emoções que ficam registadas na nossa mente, certamente não faltarão outras oportunidades para tirar boas fotos.
ResponderEliminarAbraço
Hugo Marques
Mai nada!Foi um verdadeiro bico de obra:)!
ResponderEliminarGostava era de ver o vídeo sem censura....ololol
grande abraço aos dois senhores da pesca!
abraço
Atmosférico
Li e reli os vossos relatos, assim como revi o vídeo várias vezes...Cheguei a conclusão que nada foi por acaso Pê...Senão seria tudo igual as outras vezes...e tem mais:
ResponderEliminarAcho que a emoção foi bem dividida pelos dois, especialmente a troca de sentimentos de um pai excepcionalmente amoroso, e ate certo momento desesperadooo (“então... que querias que eu fizesse filho??...”), que daria tudo para ver a alegria do filho em alcançar um perseguido intento, sabendo que “o Pedro gostaria de ter sentido nos seus braços esta belíssima bicuda...”
O que mais me chamou atenção e é emocionante perceber que ao fundo da cena onde se avista a agitação eufórica de um garoto, com uma cana na mão, ao mesmo tempo em que se desloca de um lado a outro em uma nesga de pedra, sem qualquer proteção, há um pai zeloso: “Cuidado com os pés...cuidado filho...não chegues pra trás, tás quase a cair, cuidado, cuidado Zé Pedro...”
A mim, em nenhum instante o Sr. Zé Manuel deveria sentir que “passou de herói a vilão”, pois como bem disse: “O destino seria naturalmente a libertação”. O piercing foi uma pequena lembrança deste grande encontro entre pai e filho em que uma bicuda teve participação especial!!!
Olha que do jeito que narraram até pude ver a bicuda me olhandoooooooooooo!!!!
looooooooooooooooooooooool
Pê, acho excelente que pratiques a pesca esportiva, acho que é um excelente treino para a paciência de qualquer um, especialmente aos impetuosos. loooool. Que todas essas experiências sejam ricas de aprendizados, e que nunca esqueças que é sempre melhor estar bem acompanhado e que não sejas “afoito” nunca!!! Aquele dia do quase acidente, sei que não foi por imperícia, mas quero crer que não tenha sido por imprudência, pois muito fiquei preocupada...assim como chamou-me atenção o dia que o grupo todo estava a ri e se divertir em cima das pedras e aquilo parecia-me perigoso...além de tudo, o Sr. Cotinha não estava lá para colocar um pouco de juízo em vcs!!lololol
Bom, acho que já falei de+!! Se não quiseres publicar isso não o faças, pois tudo que escrevi foi pelo carinho e zelo que tenho por ti e mais nada...
Parabéns pelas lindas férias!!! E se quiserem, podem programar uma vinda ao Brasil!! Vamos pescar no rio Amazonas!! Prometo não deixar nenhuma cobra grande os engolir. lolololol.
Bora lá galeraaaaaaa!! Vamos ao Líquidoooooooooooooooooooooo!!!!!kikikikiki
Bjssssss
Lisa
Boas Zé Pedro,só um pouco mais de experiência nos peixes insulares e os resultados tinham sido outros,situaçâo normal,e prá próxima vais muito mais à vontade,e melhor preparado,é ter confiança no material e apertar com o peixe,eheh.
ResponderEliminarGostei do relato.
Abraço da Madeira.